Relatório Aponta Corte de Combustível como Causa do Acidente Fatal do Boeing 787 da Air India

Relatório Aponta Corte de Combustível como Causa do Acidente Fatal do Boeing 787 da Air India
jul 12 2025 Lívia Mendes

O que o relatório preliminar revelou sobre o acidente do Boeing 787 da Air India

O crash do Boeing 787-8 Dreamliner da Air India em 12 de junho de 2025 chocou o mundo não só pela magnitude da tragédia — foram 260 mortos, incluindo 19 pessoas em solo — mas também pela sequência inexplicável de eventos pouco depois da decolagem em Ahmedabad, na Índia, com destino a Londres-Gatwick.

Segundo o relatório preliminar divulgado por autoridades indianas, o desastre começou apenas três segundos após a aeronave levantar voo, ainda em fase de subida. De forma súbita, ambos os motores perderam potência quando os interruptores de corte de combustível mudaram simultaneamente de 'RUN' para 'CUTOFF', como mostrou o registro do painel. O jato, que transportava 241 passageiros e tripulantes, ficou às cegas sem qualquer chance real de recuperação.

As gravações da cabine são claras: nem o comandante nem o copiloto apertaram qualquer botão de corte de combustível voluntariamente. No momento da pane, a velocidade do 787 era de cerca de 180 nós (333 km/h) e, mesmo com tentativas rápidas de religar os motores, não foi possível evitar o impacto devastador. As investigações analisam por que houve o corte simultâneo de combustível e buscam entender o que levou o sistema a agir desta forma, se houve erro mecânico ou falha de software, além de detalhes sobre os potenciais riscos de interferências não intencionais nos comandos do cockpit.

Impactos para Boeing e preocupações na indústria aérea

Impactos para Boeing e preocupações na indústria aérea

O analista de aviação Lito Sousa, comentando a tragédia ao vivo, destacou que o resultado do relatório reacendeu questionamentos duros sobre procedimentos e práticas da Boeing. Nos meses anteriores ao acidente, denúncias de ex-funcionários já haviam colocado um holofote sobre a cadeia produtiva da fabricante americana, com alegações de falhas de inspeção e pressões para acelerar entregas às custas da segurança.

Além das suspeitas de erro de projeto ou montagem no sistema de alimentação de combustível, a investigação agora confronta a Boeing com dúvidas diretas sobre a confiabilidade dos painéis eletrônicos, além do treinamento e preparação dos pilotos para eventos tão raros quanto críticos. O histórico recente da empresa inclui outros incidentes problemáticos, como os já notórios casos envolvendo o 737 MAX. No caso da Air India, o fato dos dois motores desligarem juntos, e de maneira não comandada pelos pilotos, colocou em xeque tanto o design quanto as rotinas de manutenção e checagem realizadas pela companhia - além de pressionar as autoridades regulatórias a rever protocolos de segurança internacionalmente.

Especialistas alertam para um efeito dominó: se confirmada uma fragilidade no Boeing 787, outras frotas com tecnologias semelhantes podem passar por revisões obrigatórias e auditorias emergenciais. Isso pode afetar desde voos comerciais até políticas de treinamento, não só na Índia, mas globalmente. Enquanto as investigações se desdobram, familiares das vítimas e passageiros frequentes querem respostas rápidas para uma pergunta incômoda: voar ainda é tão seguro quanto dizem?