TSE torna Luciano Hang, dono da Havan, e dois políticos inelegíveis até 2028 por abuso de poder econômico nas eleições

TSE torna Luciano Hang, dono da Havan, e dois políticos inelegíveis até 2028 por abuso de poder econômico nas eleições
jun 26 2025 Beatriz Oliveira

Empresário Luciano Hang e políticos de Santa Rosa perdem direito de se candidatar

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou uma decisão que já mexeu com o cenário político: Luciano Hang, que comanda a Havan, foi declarado inelegível até 2028. Além dele, Anderson Mantei, atual prefeito de Santa Rosa (RS), e o ex-prefeito Alcides Vicini, ambos do PP, também estão proibidos de concorrer a cargos públicos nesse período. O motivo? Abuso de poder econômico durante a eleição municipal de 2020.

O ponto central do caso é a atuação direta de Luciano Hang durante a campanha. Em novembro de 2020, quando a disputa pela prefeitura embalava, Hang participou de um comício e anunciou publicamente novas unidades da Havan para a cidade. Só que ele foi além: condicionou os investimentos ao resultado das urnas, defendendo abertamente a vitória de Mantei e associando o sucesso dos negócios à reeleição do grupo político aliado.

A acusação partiu de Orlando Desconsi, petista que perdeu a eleição por uma margem de 3.417 votos — em Santa Rosa, uma cidade de 77 mil habitantes, isso faz diferença. Ao recorrer à Justiça, Desconsi alegou que o dono da Havan usou sua influência financeira para desequilibrar a disputa eleitoral e criar um ambiente que favorecesse Mantei e o grupo do PP. Para a corte, liderada pelo ministro André Ramos Tavares, Hang agiu fora dos limites ao colocar recursos da empresa a serviço de um projeto político, em troca de benefícios locais.

A decisão do TSE destacou que o uso indevido do poder econômico é um golpe forte contra a igualdade nos pleitos. O tribunal avaliou que as ações de Hang foram bem planejadas e tiveram impacto direto, pois criar a expectativa de geração de empregos e expansão comercial associada à vitória de um candidato pressiona eleitores e distorce a liberdade do voto.

O caso ganhou mais polêmica porque Hang defendeu sua postura com o argumento de liberdade de expressão, mas os ministros entenderam que existe uma linha tênue: apoiar candidatos é direito, mas usar a força econômica de uma empresa para influenciar já ultrapassa todos os limites previstos na legislação eleitoral.

Debate sobre abuso de poder econômico e liberdade de expressão

Debate sobre abuso de poder econômico e liberdade de expressão

Essas decisões aumentam o debate sobre onde termina o direito de opinião de empresários e começa o risco real de manipulação das eleições brasileiras pelo dinheiro. Hang afirmou que vai recorrer, alegando que sua fala não provocou pressão injusta e que a Justiça viola seu direito de se expressar.

Do outro lado, fica claro que o TSE está cada vez mais atento ao uso das empresas como palanque eleitoral. O entendimento é que, quando grandes marcas ou empresários como Hang colocam investimentos bilionários na balança eleitoral, mudam a lógica do jogo democrático, tornando o campo desigual — principalmente em cidades médias e pequenas, onde a promessa de um empreendimento novo mexe com a vida de muita gente e influencia o voto de forma direta.

Mesmo com possibilidade de recurso, o clima em Santa Rosa mudou. Políticos locais começaram a repensar suas estratégias e o empresário da Havan segue dizendo que não pretende desistir do embate judicial, alegando que foi vítima de um erro jurídico. O caso segue acompanhando de perto o debate nacional sobre limites entre influência empresarial e integridade do processo eleitoral no Brasil.

16 Comentários

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    Gabriel Felipe

    junho 27, 2025 AT 21:32
    Isso é só o começo. Empresário que usa empresa como palanque tá na mira agora. Se tá investindo pra ganhar eleição, tá corrompendo a democracia. Ponto final.
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    Tiago Augusto Tiago Augusto

    junho 28, 2025 AT 09:45
    TSE tá acertando em cheio 🤝. Quando um cara tem poder pra prometer empregos em troca de voto, não é liberdade, é chantagem. A gente merece eleições limpas, não mercadão com voto.
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    maria eduarda ribeiro

    junho 29, 2025 AT 23:13
    Ah, então agora empresário que tem grana é criminoso? Que novidade. A próxima vai ser proibir rico de falar na internet.
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    Juraneide Mesquita

    julho 1, 2025 AT 06:13
    E se eu comprar um carro e dizer que só vou usar se o prefeito for meu amigo? Isso também é abuso? Porque aí tá tudo igual. Tudo é política agora.
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    Marcus Davidsson

    julho 1, 2025 AT 09:55
    Hang é um herói da economia local. Se ele investe, é porque acredita. Ninguém o obrigou a falar, mas agora ele tá sendo punido por ser bem-sucedido. #JustiçaSeletiva
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    Paulo Sette

    julho 1, 2025 AT 20:12
    Claro, porque se o cara não tivesse falado, ninguém saberia que ele tinha dinheiro. Aí era só um empresário comum. Mas como ele abriu a boca... 🤡
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    Nath Andrade

    julho 1, 2025 AT 22:16
    O TSE está aplicando o artigo 22 da Lei 9.504/97 com rigor constitucional. O abuso de poder econômico é um vício estrutural da democracia brasileira, e a decisão do ministro Tavares é um marco jurisprudencial de reequilíbrio institucional.
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    Wellington Barbosa

    julho 2, 2025 AT 18:15
    Será que isso vai valer pra todos? E se um dono de supermercado fizer promoção dizendo que quem votar no fulano ganha desconto? Isso também é abuso?
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    Eudes Cardoso

    julho 3, 2025 AT 02:55
    O povo de Santa Rosa tá vivendo um momento histórico. Quando a gente vê um empresário com tanta influência usando isso pra moldar o futuro da cidade, a gente percebe que a política não é só discurso. É vida. É emprego. É comida na mesa. E quando alguém põe isso na balança, a gente tem que olhar com cuidado. Não é antiempresário, é anti-jeito de fazer política
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    paulo rodrigues

    julho 4, 2025 AT 03:38
    O artigo 22 da Lei das Eleições é claro: é vedado usar recursos privados para influenciar o voto. O fato de Hang ter vinculado investimentos à vitória de um candidato configura conduta ilícita, independentemente da intenção. A jurisprudência do TSE já é consolidada nesse sentido, e a decisão é tecnicamente impecável.
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    Rayane Cilene

    julho 4, 2025 AT 19:36
    Se a Havan cresce, a cidade cresce. Mas se o crescimento depende de quem vence a eleição, aí a gente perde a liberdade de escolha. Não é anti-Hang, é anti-condição. Ninguém merece ser obrigado a votar em alguém por medo de perder o emprego ou o mercado. 💪
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    Aléxia Jamille Souza Machado Santos

    julho 5, 2025 AT 03:06
    Eu moro em uma cidade pequena e sei como isso dói. Se o dono do mercado da esquina disser que vai fechar se o candidato X não ganhar, ninguém vai ousar votar no Y. Isso não é democracia, é medo disfarçado de oferta. ❤️
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    Kaio Fidelis

    julho 6, 2025 AT 22:51
    A análise do TSE deve ser contextualizada dentro da teoria da distorção eleitoral por poder econômico, conforme delineado por Dworkin e posteriormente aplicado pela jurisprudência brasileira desde o caso do ex-prefeito de Caruaru em 2016. A vinculação entre investimentos privados e resultados eleitorais configura um externalidade negativa no mercado político, que só pode ser corrigida por mecanismos coercitivos do Estado democrático de direito.
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    Thais Cely

    julho 8, 2025 AT 16:04
    Eles estão tirando o direito de quem tem dinheiro de ajudar?! Isso é comunismo disfarçado de justiça! 🚨😭 Meu coração tá quebrado...
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    Caroline Pires de Oliveira

    julho 10, 2025 AT 08:30
    A pergunta que ninguém faz: e se o prefeito tivesse usado dinheiro público pra fazer campanha? Seria a mesma coisa? A gente tem que olhar os dois lados.
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    Andressa Sanches

    julho 11, 2025 AT 13:23
    A democracia não é só voto. É também equilíbrio. Se um só tem poder de dizer ‘votem em mim ou percam tudo’, aí não é escolha. É sobrevivência. E isso não é liberdade. É escravidão com nome de negócio. A gente pode ser empresário e ainda respeitar o povo. Não precisa de chantagem pra crescer.

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