Empresário Luciano Hang e políticos de Santa Rosa perdem direito de se candidatar
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tomou uma decisão que já mexeu com o cenário político: Luciano Hang, que comanda a Havan, foi declarado inelegível até 2028. Além dele, Anderson Mantei, atual prefeito de Santa Rosa (RS), e o ex-prefeito Alcides Vicini, ambos do PP, também estão proibidos de concorrer a cargos públicos nesse período. O motivo? Abuso de poder econômico durante a eleição municipal de 2020.
O ponto central do caso é a atuação direta de Luciano Hang durante a campanha. Em novembro de 2020, quando a disputa pela prefeitura embalava, Hang participou de um comício e anunciou publicamente novas unidades da Havan para a cidade. Só que ele foi além: condicionou os investimentos ao resultado das urnas, defendendo abertamente a vitória de Mantei e associando o sucesso dos negócios à reeleição do grupo político aliado.
A acusação partiu de Orlando Desconsi, petista que perdeu a eleição por uma margem de 3.417 votos — em Santa Rosa, uma cidade de 77 mil habitantes, isso faz diferença. Ao recorrer à Justiça, Desconsi alegou que o dono da Havan usou sua influência financeira para desequilibrar a disputa eleitoral e criar um ambiente que favorecesse Mantei e o grupo do PP. Para a corte, liderada pelo ministro André Ramos Tavares, Hang agiu fora dos limites ao colocar recursos da empresa a serviço de um projeto político, em troca de benefícios locais.
A decisão do TSE destacou que o uso indevido do poder econômico é um golpe forte contra a igualdade nos pleitos. O tribunal avaliou que as ações de Hang foram bem planejadas e tiveram impacto direto, pois criar a expectativa de geração de empregos e expansão comercial associada à vitória de um candidato pressiona eleitores e distorce a liberdade do voto.
O caso ganhou mais polêmica porque Hang defendeu sua postura com o argumento de liberdade de expressão, mas os ministros entenderam que existe uma linha tênue: apoiar candidatos é direito, mas usar a força econômica de uma empresa para influenciar já ultrapassa todos os limites previstos na legislação eleitoral.

Debate sobre abuso de poder econômico e liberdade de expressão
Essas decisões aumentam o debate sobre onde termina o direito de opinião de empresários e começa o risco real de manipulação das eleições brasileiras pelo dinheiro. Hang afirmou que vai recorrer, alegando que sua fala não provocou pressão injusta e que a Justiça viola seu direito de se expressar.
Do outro lado, fica claro que o TSE está cada vez mais atento ao uso das empresas como palanque eleitoral. O entendimento é que, quando grandes marcas ou empresários como Hang colocam investimentos bilionários na balança eleitoral, mudam a lógica do jogo democrático, tornando o campo desigual — principalmente em cidades médias e pequenas, onde a promessa de um empreendimento novo mexe com a vida de muita gente e influencia o voto de forma direta.
Mesmo com possibilidade de recurso, o clima em Santa Rosa mudou. Políticos locais começaram a repensar suas estratégias e o empresário da Havan segue dizendo que não pretende desistir do embate judicial, alegando que foi vítima de um erro jurídico. O caso segue acompanhando de perto o debate nacional sobre limites entre influência empresarial e integridade do processo eleitoral no Brasil.