Na tarde de 25 de setembro de 2025, o skate brasileiro marcou época. O atleta de 50 anos, patrocinado pela Red Bull, conquistou dois recordes Guinness ao saltar da curvada fachada do Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), em Porto Alegre. O drop, feito em um quarter‑pipe temporário, atingiu 103,8 km/h partindo de uma altura de 70 metros, com um percurso livre de 60 metros. O acontecimento não foi mera façanha pessoal; foi a materialização de um sonho de 13 anos que havia circulado na comunidade skatera como lenda urbana.
Preparação e adaptações técnicas
O caminho até o salto histórico exigiu a criação de novas metodologias de treino e ajustes de equipamento nunca antes testados. Enquanto os praticantes de mega ramp tradicional costumam alcançar velocidades máximas de cerca de 70 km/h, Sandro Dias precisou adaptar seu corpo e sua prancha para suportar mais de 130 km/h em sessões de prática. Para gerar essa velocidade, ele recorreu a um método incomum: ser puxado por carros que o arrastavam ao longo de uma pista, permitindo-lhe experimentar as forças de aceleração que enfrentaria na queda real.
Além da preparação física, o aspecto psicológico recebeu atenção especial. Encarar a fachada de um prédio de 22 andares requer controle mental intenso, pois o atleta precisava lidar com a sensação de queda livre em velocidade nunca vista no skate. Dias descreve que a visualização da descida, combinada com exercícios de respiração e técnicas de foco, foi tão crucial quanto o condicionamento físico.
Do ponto de vista de engenharia, transformar a estrutura do CAFF em um quarter‑pipe seguro exigiu uma equipe multidisciplinar. Foram instalados suportes de aço reforçado, colchões de absorção de impacto e um sistema de medição preciso para garantir que a queda de 60 metros fosse exatamente registrada a partir do ponto mais baixo da rampa até o platô de partida. O cálculo da altura total, 70 metros acima do nível do solo, foi verificado por especialistas em segurança de eventos radicais.
- Instalação de ancoragens de aço para suportar o peso da rampa temporária;
- Uso de espuma de alta densidade para amortecimento do pouso;
- Monitoramento em tempo real de velocidade e altitude por sensores GPS;
- Reforço estrutural nas áreas de contato da prancha com a superfície.
A parceria com a Prada Linea Rossa foi decisiva para viabilizar o projeto. A marca forneceu apoio logístico, equipamentos de alta performance e ajudou a difundir a iniciativa nas redes sociais, convertendo a lenda do “Ultimate Skate Ramp” em um evento de alcance global.

O salto histórico e seu legado
A trajetória rumo ao recorde foi metódica. Dias iniciou os treinos a 55 metros – mais do que o dobro da altura padrão de um mega ramp de 23 metros – e, progressivamente, aumentou para 60, depois 65 metros, antes de alcançar o pico de 70 metros. Em sessões preliminares, ele já havia experimentado quedas a quase seis metros abaixo da altura final e registrado velocidades de 90,8 km/h, indicando que o salto final seria ainda mais desafiador.
Quando o carrinho de tração chegou à velocidade planejada, o atleta avançou pela rampa, lançou‑se da fachada e deslizou por 103,8 km/h até o solo. O público presente, composto por skatistas, engenheiros e representantes da mídia, acompanhou o momento em silêncio reverente, quebrando o clima com aplausos ao final da descida.
Para Dias, o feito vai além da glória pessoal. Ele acredita que provar que limites podem ser repensados abre portas para novas possibilidades dentro do skate, encorajando atletas a explorar projetos que antes pareciam impossíveis. A visibilidade gerada pelo recorde tem o potencial de impulsionar o skate brasileiro nas competições internacionais e atrair investimentos em infraestruturas de treino avançadas.
O relato do atleta ao final da prova foi emotivo: “Realizei um sonho que eu carregava desde a adolescência, quando via o CAFF pela primeira vez nos anos 80. Se eu consegui, qualquer um pode transformar sua paixão em realidade, basta acreditar e se preparar.”