Fórum Global do Espírito Santo celebra cultura açoriana em Florianópolis

Fórum Global do Espírito Santo celebra cultura açoriana em Florianópolis
out 10 2025 Beatriz Oliveira

Na manhã de sexta‑feira, 26 de setembro de 2025, Fórum Global do Espírito SantoCasa José Boiteux, Florianópolis chegou ao fim, encerrando a primeira edição de um encontro que cruzou três continentes para reunir a comunidade açoriana. O evento, realizado na histórica Casa José Boiteux, no centro da Florianópolis, contou com a presença marcante de Maria Teresinha Debatin, presidente da Fundação Catarinense de Cultura, e de Lélia Pereira Nunes, diretora de Patrimônio Cultural da mesma instituição.

Contexto histórico da presença açoriana em Santa Catarina

A ligação entre os Açores e o sul do Brasil remonta ao século XVIII, quando ondas de imigrantes atravessaram o Atlântico trazendo, entre outras coisas, a tradição das Festas do Espírito Santo. Essa prática religiosa acabou se impregnando nas comunidades costeiras de Santa Catarina, moldando identidade, culinária e música local.

Segundo estudos do Núcleo de Estudos Açorianos da Universidade Federal de Santa Catarina (NEA‑UFSC), mais de 120 mil descendentes de açorianos vivem hoje no estado, consolidando‑se como um dos maiores polos da diáspora açoriana no mundo.

Detalhes da programação em Florianópolis

O primeiro dia, 25 de setembro, começou às 9h30 com uma cerimônia de abertura que combinou hinos, leituras de poesias e a entrega de prêmios institucionais. Entre os reconhecidos estavam a Fundação Franklin Cascaes, o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC) e a Academia Catarinense de Letras.

No segundo dia, 26 de setembro, quatro palestras acadêmicas ocuparam a tarde:

  1. "As Festas do Espírito Santo em Portugal"Helder Fonseca Mendes, do Instituto Histórico da Ilha Terceira.
  2. "As Festas do Espírito Santo no Brasil"Lélia Nunes, diretora da Fundação Catarinense de Cultura.
  3. "As Festas do Espírito Santo nos Estados Unidos da América"Miguel Ávila, diretor do jornal Tribuna Portuguesa, Califórnia.
  4. "As Festas do Espírito Santo no Canadá"Ilda Januário, pesquisadora da University of Toronto.

Após as apresentações, um debate aberto reuniu acadêmicos, representantes comunitários e o público, gerando uma troca viva de experiências. O encerramento contou com discursos do prefeito de Florianópolis, Topázio Silveira Neto, e do secretário regional dos Açores, José Andrade.

Reações e declarações dos organizadores

Ao receber o microfone, Maria Teresinha Debatin destacou a importância simbólica do fórum: "Agradecemos a honra de encerrar esta etapa aqui, em Florianópolis, reunindo a comunidade açoriana que hoje se espalha além do Oceano. Resgatamos a cultura de um povo que não esquece suas raízes". Ela ainda afirmou que o encontro serviria de "instrumento" para reconhecer o trabalho incansável de instituições que mantêm vivas as tradições.

Lélia Pereira Nunes ressaltou o aspecto econômico: "Além da celebração religiosa, as festas movimentam o turismo cultural, gerando renda para artesãos, gastronomia e hospedagem local".

O Governo da Região Autónoma dos Açores anunciou, durante a sessão em Ponta Delgada, que em 2026 serão realizadas formações para grupos folclóricos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, visando melhorar a qualidade das apresentações nas festas.

Impactos culturais e próximos passos

Impactos culturais e próximos passos

O fórum não só celebrou a herança açoriana, como também gerou acordos concretos. Foram assinados protocolos de cooperação cultural entre o Governo da Região Autónoma dos Açores, a Fundação Catarinense de Cultura e a Fundação Franklin Cascaes. Esses documentos preveem intercâmbios de pesquisadores, apoio financeiro a projetos comunitários e a criação de um arquivo digital das festas.

Especialistas em patrimônio, como a professora da UFSC Cláudia Reis, apontam que a formalização desses laços pode fortalecer políticas públicas de preservação, evitando que tradições se percam frente à modernização.

Conexões transatlânticas e perspectivas futuras

O itinerário do Fórum Global do Espírito Santo atravessou três continentes: começou em Ponta Delgada, Açores (10‑11 de julho de 2025), seguiu para Fall River, Massachusetts (agosto de 2025) e culminou em Florianópolis (25‑26 de setembro de 2025). Cada parada coincidiu com as principais celebrações da festa do Espírito Santo nas respectivas comunidades, criando um ritmo sincronizado que reforçou a sensação de pertencimento global.

Para 2026, os organizadores já planejam a segunda edição, que deverá incluir, pela primeira vez, a participação de grupos da África do Sul – descendentes de açorianos que migraram para o Cabo em meados do século XIX. Essa ampliação aponta para um futuro onde a diáspora açoriana se reconhece como um verdadeiro circuito cultural.

Perguntas Frequentes

Como o fórum beneficia a comunidade açoriana em Santa Catarina?

Além de reconhecer oficialmente grupos locais, o Fórum gerou protocolos que garantem apoio financeiro para projetos culturais, capacitação de grupos folclóricos e a criação de um acervo digital que preserva documentos, músicas e fotografias das festas.

Quais foram os principais acordos assinados em Florianópolis?

O Governo dos Açores, a Fundação Catarinense de Cultura e a Fundação Franklin Cascaes firmaram protocolos de cooperação que incluem intercâmbio de pesquisadores, financiamento de projetos comunitários e a criação de um portal online de divulgação das festas.

Quando começarão as formações para grupos folclóricos?

As formações anunciadas por José Andrade deverão iniciar no primeiro semestre de 2026, com oficinas em Florianópolis e em cidades do Rio Grande do Sul, ministradas por mestres de dança e música dos Açores.

Qual o objetivo da segunda edição do fórum?

A segunda edição pretende ampliar a rede ao incluir comunidades açorianas da África do Sul, aprofundar o debate sobre turismo cultural sustentável e consolidar o calendário global das Festas do Espírito Santo.

Quem são os principais patrocinadores do evento?

Além dos governos regionais, o fórum recebeu apoio da Embrapa, da Associação Comercial de Florianópolis e de diversas empresas locais que veem nas festas uma oportunidade de promover a cultura e o turismo.

7 Comentários

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    Paula Athayde

    outubro 10, 2025 AT 04:43

    Celebrar a herança açoriana em Florianópolis é um grande passo para manter vivas as tradições que nos definem 🇵🇹🌊.

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    Ageu Dantas

    outubro 16, 2025 AT 21:50

    É quase como se o coração da gente pulasse mais forte ao lembrar das festas que nossos avós trouxeram do Atlântico, e isso deixa a gente meio melancólico, mas também cheio de orgulho.

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    Luciano Pinheiro

    outubro 23, 2025 AT 14:57

    Essa iniciativa ilumina a rica tapeçaria cultural que une o Brasil e os Açores, mostrando como a música, a gastronomia e a religiosidade criam pontes entre continentes.

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    caroline pedro

    outubro 30, 2025 AT 08:03

    Quando refletimos sobre a profundidade da diáspora açoriana, percebemos que não se trata apenas de uma migração histórica, mas de um fluxo contínuo de identidade que atravessa gerações; o Fórum Global do Espírito Santo funciona como um espelho que reflete tanto as raízes quanto as ramificações dessa cultura; cada palestra, cada debate, each troca de experiências, enriquece o entendimento coletivo do que significa ser açoriano no mundo contemporâneo; ao mesmo tempo, a assinatura dos protocolos de cooperação sinaliza um compromisso institucional que vai muito além da simbologia, envolvendo recursos financeiros, intercâmbio de pesquisadores e a preservação digital de testemunhos culturais; este tipo de ação fortalece a memória social e impede que tradições se percam diante da modernização acelerada; a participação de representantes de comunidades em diferentes continentes demonstra que a identidade açoriana é fluida, adaptável, porém resiliente; as formações planejadas para 2026 representam uma oportunidade de capacitar novos líderes comunitários, garantindo que a transmissão do saber seja feita por mãos qualificadas; o turismo cultural, citado por Lélia Pereira Nunes, pode ser catalisador de desenvolvimento econômico, mas precisa ser gerido de forma sustentável para não transformar a cultura em mero espetáculo; ao integrar músicos, artesãos e contadores de histórias, o Fórum cria uma sinergia que potencializa a criatividade local; a presença de figuras como Maria Teresinha Debatin reforça o reconhecimento oficial da importância dessas festas, conferindo-lhes legitimidade perante políticas públicas; por outro lado, a diversidade de vozes, desde acadêmicos até membros da comunidade, enriquece o debate, oferecendo múltiplas perspectivas que evitam a homogeneização da narrativa; a inclusão futura de comunidades descendentes dos Açores na África do Sul amplia o escopo da rede, indicando que a diáspora ainda tem territórios a ser explorados; todos esses elementos convergem para uma visão de futuro em que a cultura açoriana não apenas sobrevive, mas floresce de forma inovadora e inclusiva.

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    celso dalla villa

    novembro 6, 2025 AT 01:10

    Um evento assim traz visibilidade e orgulho pra gente que tem raízes açorianas.

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    Valdirene Sergio Lima

    novembro 12, 2025 AT 18:17

    Devo salientar, com todo o respeito, que a formalização dos acordos, ao passo que demonstra seriedade institucional, necessita de transparência meticulosa, acompanhamento rigoroso e avaliação contínua, sob pena de comprometer a eficácia das iniciativas propostas; assim, a fiscalização cuidadosa será imprescindível.

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    Ismael Brandão

    novembro 19, 2025 AT 11:23

    É muito bom ver esse movimento, ele vai inspirar muitos jovens a se envolverem com a cultura local.

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