A Federação Portuguesa de Futebol finalizou o calendário da II Divisão Juniores B (Sub-17) 2025/26, com a estreia marcada para 5 de setembro de 2025. Não foi um amistoso, nem um jogo de preparação — foi o pontapé inicial de uma temporada que define o futuro do futebol juvenil português. Os primeiros minutos da competição serão disputados às 01:30 UTC, mas o que chama atenção não é o horário, e sim o fato de que, logo na primeira jornada, o Portugal Sub-17 enfrenta a Escócia Sub-17 — um confronto direto entre duas seleções que já viram seus jovens talentos chegarem à primeira divisão da seleção nacional. E não é só isso: o Rio Ave Futebol Clube, de Vila do Conde, já sabe o seu caminho na competição. O clube confirmou, em comunicado de 22 de agosto, que "já conhece o seu percurso". Mas não revelou os jogos. Por quê? Talvez por cautela. Ou talvez porque, em futebol juvenil, o que importa não é o calendário, mas o que se faz com ele.
Uma competição que vai além das fronteiras
O calendário da II Divisão Sub-17 não é só um guia de jogos entre clubes portugueses. Ele é um espelho da globalização do futebol juvenil. Na primeira jornada, além de Portugal vs Escócia, há também Alemanha vs Venezuela e até França Sub-18 contra Portugal Sub-18 — um jogo que terminou 2-0 a favor dos portugueses, segundo relato de 6 de setembro. Mas aqui está o detalhe que muitos perderam: esses jogos não são da II Divisão Sub-17 portuguesa. São partidas de torneios internacionais que coincidem com o calendário da competição nacional. A FPF, por razões de logística e visibilidade, decidiu integrar alguns jogos internacionais de seleções juvenis ao calendário oficial da II Fase — um movimento sutil, mas estratégico. É como se o futebol português dissesse: "Não queremos só ser um país que forma jogadores. Queremos ser um palco para o futuro do futebol europeu".Os grandes rivais: Porto e Sporting lideram, mas a briga é por baixo
A classificação geral, conforme atualizada em 2 de novembro de 2025, mostra o FC Porto e o Sporting Clube de Portugal na liderança. Nada de surpreendente. Mas o que interessa não é quem está em cima — é quem está tentando subir. A 11ª jornada, marcada para essa mesma data, foi crucial: foram decisões que definiram quem ainda tem chance de chegar à I Divisão. E aqui entra um detalhe que poucos comentam: o empate entre as equipes do Sporting CP — sim, o mesmo clube — em dois escalões diferentes. Em 25 de setembro, o time Sub-17 empatou com outro time do Sporting, mas em outra divisão regional. Um dérbi interno. Um jogo sem público. Sem transmissão. Mas com o mesmo fogo. É nesses jogos que se forjam os líderes do futuro.As 21 associações que movem o sistema
A II Divisão Sub-17 não é só um campeonato. É um sistema. Um sistema que envolve 21 Associações de Futebol regionais — de Angra do Heroísmo a Viseu, passando por Bragança, Évora e até a Horta, nos Açores. Cada uma delas envia suas equipes, seus treinadores, seus jovens com sonhos grandes e bolsas pequenas. É nesse nível que a FPF constrói sua base. Não há grandes estádios. Não há câmeras de TV. Mas há pais que acordam às 5h da manhã para levar os filhos a treinar. Há treinadores que trabalham em turnos duplos. Há clubes como o Rio Ave, que, mesmo sem divulgar seu calendário, mantém seu departamento de comunicação aberto de terça a sábado — porque sabe que, mesmo sem fama, o engajamento local é o que mantém o futebol vivo.O que vem depois? O caminho para a Copa do Mundo
A temporada da II Divisão Sub-17 termina em março de 2026. Mas o que acontece depois? Os melhores jogadores serão convocados para a seleção nacional Sub-17, que já tem seu calendário definido para a Copa do Mundo Sub-17 Catar 2025 — uma edição expandida para 48 equipes, a maior da história. A FIFA anunciou os jogos em julho. O Brasil, por sua vez, tem seu próprio Campeonato Sub-17, com a 4ª fase marcada para 13 de outubro. O Portugal Sub-17 não joga contra o Brasil neste ano. Mas o fará em 2026. E quando isso acontecer, quem estiver naquele campo já terá passado por esse calendário. Por esse sistema. Por esse esforço silencioso.Como acompanhar e onde encontrar informações
O calendário completo está disponível nos sites da Federação Portuguesa de Futebol (fpf.pt), ZeroZero.pt e, com alguns erros de integração, ogol.com.br. As atualizações ocorrem após cada jornada. A próxima será em 7 de setembro, após o encerramento da primeira rodada. O Rio Ave FC, por exemplo, mantém seu canal de comunicação ativo: e-mail [email protected] e telefone +351 252 640 590. Horário de atendimento: terça a sexta, 9h30-12h30 e 15h-19h; sábado, 10h-13h e 15h-18h30. Sim, é um clube pequeno. Mas não é insignificante.Frequently Asked Questions
Quais são as principais diferenças entre a I e a II Divisão Sub-17?
A I Divisão Sub-17 é a elite do futebol juvenil português, com apenas 16 equipes, todas de grandes clubes ou de regiões com forte tradição. A II Divisão, por outro lado, reúne 64 equipes de 21 associações regionais, incluindo clubes menores e escolas de formação. O acesso à I Divisão é feito por classificação direta — os dois primeiros de cada grupo na II Fase promovem-se. É o único caminho real para jovens de fora dos grandes centros chegarem ao topo.
Por que jogos internacionais estão no calendário da II Divisão Sub-17?
A FPF integrou seleções juvenis de outros países ao calendário para aumentar a qualidade competitiva e a visibilidade da competição. Jogos como Portugal vs Escócia ou França vs Portugal Sub-18 não são da II Divisão, mas são marcados no mesmo período por questões logísticas e de calendário internacional. É uma forma de preparar os jovens portugueses para enfrentar adversários de alto nível antes da seleção nacional.
Como os clubes menores conseguem competir com os grandes como Porto e Sporting?
Eles não competem com os grandes em recursos — mas competem em estratégia. Clubes como o Rio Ave, o Santa Clara ou o Estoril Praia focam em formação técnica, tática e valores. Muitos jogadores da II Divisão são contratados por clubes da I Divisão no meio da temporada, por causa de seu desempenho. Em 2024, 17 jogadores da II Divisão foram promovidos diretamente para equipes da I Divisão — sem passar por empréstimos. É o verdadeiro mérito do sistema.
O que acontece com os jogadores que não são promovidos?
Muitos continuam no futebol amador, em ligas regionais ou em academias locais. Outros migram para o futebol de base de clubes da terceira divisão. Mas não é fracasso. Em 2023, 42% dos jogadores que saíram da II Divisão Sub-17 sem promoção estavam ainda atuando em clubes profissionais ou academias de formação em 2025. O futebol juvenil não é uma escada — é uma rede. E o caminho nem sempre é o mais visível.