Lanús larga na frente com gol no fim, e o Maracanã vira a grande aposta
Um chute no apagar das luzes mexeu com a série. O Lanús venceu o Fluminense por 1 a 0 no Estádio La Fortaleza, em Buenos Aires, no jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana 2025. O gol saiu aos 44 minutos do segundo tempo, depois de uma partida dura, marcada por poucas brechas e muita disputa física. Para o time argentino, é a vantagem mínima; para o brasileiro, é o tipo de desvantagem que exige cabeça fria e execução perfeita no Rio.
No Brasil, a partida foi transmitida por SBT e Paramount+, em meio a uma cobertura pesada de TV e rádio. O time de Renato Portaluppi saiu da Argentina com a missão bem clara: transformar o Maracanã em combustível para a virada. Com o regulamento atual, não há gol qualificado fora de casa. Então a conta é simples: vitória por dois gols classifica; triunfo por um gol leva a decisão para a marca da cal, sem prorrogação.
O duelo de estilos ficou evidente na ida. O Lanús se fechou com linhas curtas, forçou duelos pelo alto e explorou cruzamentos e segundas bolas. O Fluminense tentou acelerar pelos lados e atrair o rival com posse paciente, mas esbarrou no último passe. Em cenários assim, o detalhe pesa: uma bola parada bem batida, um erro de saída, um rebote mal protegido. Foi nesse tipo de lance que os argentinos encontraram o gol que muda o desenho do confronto.
No Maracanã, a tendência é ver o time carioca adiantando marcação desde o início, tentando gol cedo para mexer no emocional do adversário e na arquibancada. A gestão de risco será o ponto-chave: intensidade com controle de transições, para não dar ao Lanús a chance do contra-ataque que mata. Renato deve ajustar a ocupação de área, carregar mais gente na zona da bola e variar a origem dos cruzamentos, alternando ataque posicional com infiltrações pelo corredor central.
Do lado argentino, o roteiro é conhecido: esfriar o jogo, reduzir o ritmo, cadenciar cada lateral e cada falta, e proteger a própria área como se fosse um cofre. A equipe mostrou organização para fechar funis e ganhar primeiras disputas. No Rio, esse plano vai se somar à bola aérea e às inversões rápidas, tentando explorar espaços deixados pelo avanço tricolor. A capacidade de resistir aos primeiros 20 minutos no Maracanã costuma definir muita coisa em mata-mata sul-americano.

Arbitragem, histórico recente e o que está em jogo no Maracanã
O árbitro designado para a volta é o venezuelano Jesús Valenzuela, um nome familiar para a torcida. Ele apitou dois jogos pesados do clube na campanha do título da Libertadores de 2023: a vitória por 3 a 1 sobre o Olimpia, no Paraguai, e o 2 a 1 diante do Internacional, no Beira-Rio, pela semifinal. Experiência internacional não falta: ele também esteve na Copa do Mundo do Catar, em partidas como Inglaterra x Estados Unidos e França x Polônia.
Com VAR previsto, o nível de rigor nas áreas deve ser alto. Contato em disputa aérea, braço em posição antinatural e checagens por impedimento milimétrico tendem a entrar no radar. Para quem precisa do resultado, manter a disciplina é tão importante quanto atacar: cada falta boba vira um convite para a bola parada adversária.
Em termos de cenário, o cálculo é direto para o Fluminense: 2 a 0, classificação; vitória por um gol, pênaltis; empate ou derrota, eliminação. Sem vantagem do gol fora, a gestão do placar impõe escolhas: buscar o segundo gol sem abrir a casa, ou proteger uma vitória curta e levar tudo para as cobranças. A leitura do momento do jogo — quem está sentindo, quem está pendurado, quem pede substituição — vale tanto quanto qualquer prancheta.
O fator Maracanã pesa. A expectativa é de casa cheia, clima forte desde a entrada dos times e um empurrão que costuma acelerar a pressão inicial. Mas também tem a ansiedade: chutes precipitados e cruzamentos sem endereço alimentam o plano do rival. Paciência para circular a bola e agressividade na última linha precisam andar juntas.
Ambos chegam até aqui com temporadas consistentes em mata-mata, sustentadas por defesas competitivas e aproveitamento alto em casa. O Lanús leva para o Rio a serenidade de quem tem a vantagem e não precisa se expor. O time carioca, por sua vez, aposta na combinação de volume ofensivo, bola parada trabalhada e intensidade após perdas. Um gol cedo pode redesenhar tudo; um vacilo atrás, também.
Terça-feira, o Maracanã decide quem vai às semifinais da Copa Sul-Americana 2025. É noite de nervos à flor da pele, de leitura fina de arbitragem e de execução sem margem para erro. Para uns, é defender o que conquistou na ida. Para outros, é virar o jogo na base do futebol e da pressão da arquibancada.